7.4.10

Como ser sal e luz, num mundo “doce” e nebuloso?

Confesso que ando um pouco assustado com o que tenho visto “por aí”.

Como diz a música do tempo da minha avó (risos) “A começar em mim, quebra corações, para que sejamos todos um, como tu és em nós...”

Estou assustado, diria até mesmo, apavorado, por conta da falta de força e vontade quando vejo situações como as dos dias atuais, enchentes em São Paulo, mais de 100 mortos no Rio de Janeiro, por conta também das enchentes. Fico assim, porque minha inércia é grande. O pouco que fiz foi orar, e a Larissa (minha esposa) separou roupas, calçados e outras coisas que iremos enviar para o Rio atrás da IBAB (Igreja Batista da Água Branca). Mas no fundo mesmo, isso é só “uma agulha no palheiro”.

Como disse em outro texto aqui do blog, nada nos comove, nada nos move. Onde está o Espírito Santo no meio disso tudo? Estou completamente assustado comigo. Porque, tenho a estranha sensação que Jesus está batendo a porta, e se assim o é, Ele está do lado de fora das minhas decisões, uma pena.

Assisti a um vídeo essa semana do pastor e escritor John Piper, que diz basicamente que só conseguiremos vencer a carne se nos dedicarmos as estudo da Palavra de Deus, o que marcou foi uma espécie de slogan “Para vencer a biologia é necessário boa teologia”. Concordo com ele, pois percebo que, quando minhas leituras e devocionais estão em baixa, as coisas terrenas falam mais alto. Falo tudo isso com vergonha, porque muitos me vêem como líder, alguns me chamam de pastor, mas sou apenas servo, e vou além disso, sou pecador e preciso confessar minhas falhas, pois sou como qualquer outro, como diz a Bíblia “sujeito as mesmas paixões”.

Mas a grande questão, pelo menos para mim, é o que fazer para sair disso? Como sair desse vendaval de incertezas e neutralidades fúteis, arrogantes e perniciosas (Peguei pesado não?)?

Certa vez, numa vigília um jovem seminarista disse que só seremos cheios do Espírito Santo, quando nos esvaziarmos de nós mesmos.

Pensando nisso, acho que para sermos sal e luz, precisamos juntar o que John Piper e o seminarista disseram. Dedicar-nos a “boa teologia” e nos esvaziarmos de nós mesmos.

Enquanto escrevo isso, me lembrei da música “quero viver teus sonhos, teus planos, tudo aquilo que conquistaste na cruz, a tua vontade é meu prazer, sem ti nada posso...” gravado pelo Diante do Trono.

Para ser sal e luz, precisamos nos desvencilhar dos valores do mundo, mas continuar a viver no mundo. Que tarefa árdua e desgastante! Mas Paulo em suas cartas aos Filipenses e aos Efésios mostra que se a tarefa engrandece a Deus, por meio de Jesus Cristo e que ainda ajuda o próximo vale à pena.

Vivemos num mundo onde o mais importante é tudo aquilo que pode ser visto ou mensurado, e isso chegou às igrejas também, hoje o mais importante sãos os “membros” e não os discípulos. Vivemos num mundo onde, mais do que nunca, é necessário ser Sal e Luz, mas como?

Creio que a primeira coisa que preciso (precisamos) é sermos transparentes, com nós mesmos, com nossos familiares, pastores, irmãos na comunidade local, por mais louco e absurdo isso pareça. A Bíblia nos diz que Jesus “é o Caminho, a VERDADE e a vida”. Verdade é uma condição fundamental para Jesus, e deve ser para nós. Alguns podem se justificar falando que em determinados momentos, Deus permitiu a mentira para que Israel fosse salva, como no caso de Raabe, mas devo lembrar-lhes que Raabe não era judia quando mentiu. Todas às vezes, que os judeus mentiram foram castigados duramente, outros podem justificar que isso foi no “tempo da lei”, bem, precisamos lembrar então de Ananias e Safira, que por mentira e ganância morreram na frente de todos. Sim, a verdade é fundamental para a vida cristã. Além do mais, se reparamos na ordem do texto, para se ter vida é necessário antes ser verdadeiro. Jesus diz que o diabo é o pai da mentira, ou seja, aquele que tem domínio sobre os filhos que fazem o mesmo que ele.

Então, creio que precisamos ser verdadeiros.

Outra coisa, que preciso ponderar, além da verdade é o fato de que a Igreja só será Igreja, se estiver no mundo, ou seja, fora das paredes de um templo (não estou aqui dizendo, para fecharmos as igrejas, acabar com a instituição, ela tem seu valor, mas creio que precisa ser restaurada pela verdade de Cristo). Precisamos ser sal e luz, onde estamos inseridos, no trabalho, na família, no futebol com os amigos, ou nas idas aos “happy hours” com os amigos de trabalho, ou escola, faculdade.

Quando somos sal e luz, nesses ambientes, sempre escutamos “nossa você é um ‘crente’ diferente, as pessoas vêem em nós um cristianismo mais autêntico, menos chavão (aquele estigma de paletó branco, com camisa verde e bíblia como abafador de odor cai por terra), as pessoas olham para nós, e se lembram que Jesus andou no meio de estranhos, pessoas de uma outra realidade que não a dele.

Precisamos estar no mundo, mas não nos contaminarmos com o mundo, o que isso quer dizer (e em alguns lugares é chavão e até desculpa para as pessoas ficaram entocadas em suas casas e só irem a eventos de cunho gospel), quero dizer com isso, que precisamos deixar de lado as metas, grandes congregações, a matemática do ajuntamento de pessoas, deixar os números do lado de fora da vida cristã, Jesus não se preocupou com quantos discípulos ele tinha, na verdade num dado momento de sua vida terrena, ele até espantou alguns com seu discurso (tem gente que deve achar isso um pecado horrível, onde já se viu, Jesus perdeu membros). Jesus não se preocupa com a quantidade, mas sim com o estar com os discípulos, tanto que quando ele desaparece entre as nuvens, após a ressurreição, ele não diz que faria deles uma grande igreja, mas que ESTARIA COM ELES TODOS os dias até a consumação dos séculos.

Precisamos deixar de lado esse cristianismo “orçamentário” para viver o cristianismo da presença, onde estar com os irmãos é mais importante do que ele ser membro ou não de uma igreja, ou de que o fulano é denominação tal, e o líder disse que não posso andar com ele.

Pra ilustrar lá vai outra musiquinha “Somos corpo, e assim, bem ajustados, unidos vivendo em amor, uma família, sem qualquer falsidade, vivendo a verdade, expressando a glória do Senhor”.

Para sermos Sal e Luz, precisamos estar presentes na vida das pessoas, e para fazermos a diferença na vida das pessoas a VERDADE será fundamental, porque as pessoas sempre olharão para Cristo através de nós, com todas as nossas falhas defeitos, mas se a verdade for nosso norte, elas olharão para além dos defeitos e falhas e seguirão o nosso Cristo.

Que o Senhor, nos ajude a sermos verdadeiros e presentes.

Em nome de Jesus.

Amém.